quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Esclarecimentos - Antonio Sena

Face aos últimos acontecimentos e às acusações que venho recebendo injustamente por pessoas medrosas que preferem não se identificar, venho a público esclarecer os fatos, apresentando o histórico de meu posicionamento, bem como sua justificativa, através do texto abaixo.

Embora o texto seja extenso, espero que pessoas tendenciosas não o deturpem como fizeram ultimamente, mas que leiam, reflitam e tirem suas conclusões.
Agradeço a todos os estudantes, de BSI ou não, que me apoiam em minha luta pela verdade, pelo diálogo e pelo respeito, e principalmente, por uma FSA melhor. Minha luta é nossa luta! De coração, muito obrigado!


ESCLARECIMENTO
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Meu nome é Antonio Sena, conhecido por muitos como “Sena” ou como “Tonhão”. Tornei-me um tanto quanto popular devido aos últimos acontecimentos, e venho sendo alvo de acusações das quais, através deste, pretendo esclarecer.

Sou estudante do curso de Bacharelado em Sistemas de Informação (BSI) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFIL) do Centro Universitário Fundação Santo André (FSA) desde 2.004. Assim como a maioria dos estudantes de meu curso, durante os primeiros anos de faculdade, assisti de camarote aos acontecimentos políticos da instituição – os protestos contra a demissão das professoras em 2.004 e contra os reajustes abusivos de mensalidades anualmente, acima da inflação. Era comum ouvir - e eu mesmo já falei muitas vezes estas frases lamentáveis - que os “comunistas baderneiros de humanas estavam fazendo seu estágio” ou que as manifestações eram “trabalhos de conclusão de curso deles”. Isso se dava ao fato de que os estudantes de BSI não percebiam as implicações que tais decisões administrativas do Centro Universitário causavam na vida acadêmica.

Os anos foram se passando. Chegou o fatídico ano de 2.006. Devido a meu bom relacionamento com meus colegas de classe, fui eleito representante, por unanimidade. Foi nesse ano que ocorreu o complicado processo eleitoral para a Direção da FAFIL e o conflito entre os partidários da profª Edna e os estudantes de BSI, alunos da profª Miriam. Graças a este fato – e às eleições federais e estaduais ocorridas naquele mesmo ano – passei a me interessar mais por política e em particular, pela da FSA. Devido a meu dever como representante, fui um dos negociadores do conflito que relatei acima e, por esta razão, passei a freqüentar as reuniões do Diretório Acadêmico Honestino Guimarães (DAHG) da FAFIL.

Nunca pautei minhas posições pelo pensamento de ninguém. Como a nomenclatura do curso em que sou matriculado, busco sistematicamente pela informação, para poder tomar minhas decisões e me posicionar. Talvez por isso, nunca me orientei por nenhuma ideologia político-partidária, a não ser pelo que julgava ser correto e dentro de meus parâmetros éticos e morais. Por isso também, me tornei opositor ao grupo que conduz o DAHG. Como eles próprios podem dizer, sempre fui calmo, conciliador, e sempre primei pelo diálogo e pelo uso da razão ao invés da emoção. Graças a minha postura e a postura dos gestores do DAHG, sempre tive canal aberto para apresentar minhas idéias e sugestões, e construí laços de coleguismo com eles, pois mesmo não compartilhando da forma como lutavam, compartilhávamos do mesmo ideal e isso mantinha-nos unidos.

Chegou o ano de 2.007, e com ele as eleições para a nova gestão do DAHG. Ciente de que este seria meu último ano na instituição e que algo deveria ser feito pela mesma, tentei buscar algumas pessoas que compartilhavam de minhas idéias para articularmos uma chapa ao DAHG. Minha postura aberta ao diálogo e à negociação, seja com a reitoria, seja com os estudantes – enfim, sempre buscando saídas pacíficas, ordeiras e benéficas a todos para todos os problemas – foi entendida como situacionista, e meus aliados e eu fomos tachados como “chapa da reitoria”. Fiquei triste, pois sequer conheço a pessoa de Odair Bermelho, e discordo em muito da maneira como o mesmo administra a FSA, e percebo ao longo dos quatro anos nesta instituição, sob sua gestão, o quanto foi deixada a qualidade de ensino de lado. Mesmo sendo falsamente atacado, mantive minha postura de diálogo. A chapa que tentei articular não progrediu. Visto que tudo indicava uma chapa única, e mesmo sendo opositor dela, enviei à mesma o “programa de gestão” que minha chapa havia proposto. Por um abismo ideológico que separava as duas chapas, é óbvio que o mesmo foi aceito por diplomacia, mas jamais seria posto em prática. Devido ao excesso de trabalhos acadêmicos no primeiro semestre deste ano, afastei-me do cenário político estudantil, mesmo sendo eleito, novamente por unanimidade, para representante de minha sala. Agora, um pouco mais politizado, já não via com maus olhos certas atitudes do DAHG, mas sim passava a entendê-los melhor. Candidatei-me, por esta razão, a uma das sete vagas discentes do Colegiado do Curso de BSI, pois entendo que mudanças significativas para a melhoria do curso ocorrem – ou se iniciam – dentro deste organismo. Fui eleito para uma das vagas, mas não tive tempo de iniciar mais esta tarefa, pois poucos dias após minha eleição para o Colegiado de BSI desencadeou-se o movimento contra uma projeção de aumento de mensalidades realmente abusivo. O movimento marchou rumo à reitoria, e o resultado todos já sabemos, todos acompanhamos pela mídia. Eu mesmo não estava presente na FSA nesta data, e fui informado sobre isso por um de meus colegas de classe, no dia seguinte, por telefone, logo pela manhã. Pessoalmente, sabia que a causa era justíssima: trabalho para pagar minhas mensalidades e sei o peso que elas tem em meu orçamento mensal. Discordei do ato de invadir a sede da reitoria, pois, como já disse, por convicção, acredito que a lei e o diálogo são os caminhos para a resolução de conflitos. Sempre deixei claro meu posicionamento pessoal; jamais escondi-o de ninguém que me perguntasse. A violenta e arbitrária repressão policial – visto que os mesmo não possuíam mandato judicial para a retomada do prédio – e a agressão aos estudantes culminou na greve promovida pelos estudantes e apoiada pelos professores, que se mobilizaram. No dia de tal fato, não pude comparecer à FSA. Era uma sexta-feira quando a greve foi deflagrada.

A sala onde minha turma – a “C” do 4º ano noturno de BSI – está alocada fica no térreo da FAFIL, exatamente no ponto entre o pátio onde em geral ocorrem as assembléias gerais e o caminho que leva aos edifícios –sede da reitoria. Nesta sexta-feira, manifestantes hostilizaram meus colegas de sala, chutando à porta, ameaçando invadir a mesma caso não fosse desocupada.

Fui comunicado no dia seguinte, sábado, e como representante de sala, motivado mais pela preocupação que tinha com a integridade física de meus colegas do que com os fatos que ocorriam na instituição, cobrei da coordenadora do curso um posicionamento, uma instrução sobre como deveríamos agir. Outros representantes também queriam saber o que estava ocorrendo: havia muita desinformação. Recebemos como resposta que as aulas ocorreriam normalmente, que nada estava ocorrendo e que não havia nada a ser feito. Como não havia nada a ser feito? Estudantes haviam sido agredidos pela tropa de choque, que invadira o campus numa atitude arbitrária que não ocorria nem mesmo no período ditatorial do Brasil. Meus colegas de sala haviam sido hostilizados porque – pasmem - estavam assistindo a uma aula!. Algo precisava ser feito, e se a coordenação de curso não se pronunciava, nós estudantes deveríamos fazê-lo. E fizemos.

Na terça-feira, após o início do movimento, foi convocada pelos estudantes um Conselho dos Representantes de Classe (CRC) de BSI. Como pauta, tínhamos a difícil tarefa de orientar e posicionar o curso frente aos últimos acontecimentos. Procurei ouvir aos estudantes aos quais represento sobre a opinião deles sobre que posicionamento tomar. Confesso que me surpreendi. Meus colegas, assim como eu, sempre arredios aos manifestos ocorridos ao longo dos anos na instituição, manifestaram seu apoio à greve e me pediram que, na reunião, transmitisse a intenção deles em apoiar, incondicionalmente o movimento.

Neste CRC, sequer foi cogitada a não adesão ao movimento. Pelo contrário. Foram apresentados dois possíveis posicionamentos que poderíamos adotar, para votação: um, completamente favorável à adesão ao movimento, incluindo a greve; outro, apoio ao movimento de maneira burocrática, através do levantamento de informação, cobrança às autoridades para intervenção na FSA, dentre outras medidas. O segundo cenário pareceu-me o mais agradável, tendo em vista minhas convicções pessoais. Porém, meu dever assumido frente à minha turma, levou-me a votar pelo que meus colegas haviam decidido e não pelo que era de minha preferência. Naquela ocasião, votei pela greve.

Em decisão histórica, pela primeira vez o curso de BSI se posicionava favoravelmente frente a um movimento desencadeado na FSA. A postura escolhida pelos representantes no CRC foi modesta, pelo apoio burocrático, mas é um avanço e tanto no que diz respeito ao posicionamento do curso frente aos desafios da vida acadêmica. Mas, naquela noite nem tudo foram rosas: fomos pegos de surpresa pelos estudantes de BSI do matutino e um abaixo-assinado reivindicando a volta à normalidade das aulas dentro da FSA. Buscamos uma saída diplomática para o impasse: outros representantes e eu nos dirigimos ao Comando de Greve, expomos nossa situação e fomos muito bem recebidos. O Comando propôs que não realizássemos “reuniões elitizadas” (como se referiram ao CRC) mas que produzíssemos uma assembléia geral dos estudantes de BSI. Nesta assembléia, o comando enviaria representantes para expor a situação e as causas pelas quais lutavam, para tentar angariar um apoio mais veemente de BSI. Não vimos problema, afinal, diálogo nunca foi um problema, mas sim uma solução, em nossa visão. Cedemos o espaço e o que se viu foi ainda mais histórico do que o CRC. A interface inédita entre estudantes de BSI que compareceram - por volta de 40, de um total de 1091 estudantes matriculados - e manifestantes resultou na decisão de aderir de maneira ampla e irrestrita ao movimento, inclusive com apoio à greve.

Novamente não estive presente a esta histórica assembléia por motivos de saúde. Novamente me surpreendi ao ver o posicionamento de meus colegas. Creio que o fato surpreendeu até mesmo o comando de greve, que já estava elaborando um plano para acolher a “luta burocrática de BSI”. Recuperado de meus problemas de saúde, e ciente de minha responsabilidade como representante de classe, membro discente do colegiado de curso e veterano, assumi, juntamente com outros audaciosos, a condução do movimento em BSI. Em contato com Thaís Lapa, da comissão de comunicação do movimento, crei o blog “FAFIL EM GREVE!”, para manter a todos informados sobre o que estava ocorrendo, pois via que a reitoria estava usando do site da FSA para desinformar os estudantes, que, desorientados, acabariam enfraquecidos. Depois, percebi que já havia um blog oficial, o “Ocupação FSA”, e para manter a unidade das informações, tirei o blog que havia criado do ar. Nós, representantes, nos organizamos de modo a encaminharmos todas as informações e comunicados do movimento aos grupos de e-mails das classes de BSI. Criamos a famosa “lista de spam”, por onde enviávamos aos estudantes as atas, notas oficiais, comunicados emitidos pelo movimento, notícias que surgiam na mídia, dentre outros.

O movimento cresceu e a cada assembléia as adesões aumentavam: de 40 a 70, de 70 a 185! Tudo bem, pode-se questionar a legalidade das decisões da assembléia, visto que não tínhamos quórum (50% + 1 dos estudantes do curso) para declará-la válida, mas reunir 185 alunos por uma luta comum era digno de respeito, de admiração, um progresso e tanto para a mobilização política de BSI. Recebíamos aplausos de professores, apoio do comando de greve. Tudo isso baseado em uma postura de equilíbrio. Tanto que fomos elogiados pelos professores de nosso colegiado e outros que eram convidados a participar e que sempre agregavam novas e importantes informações, que ajudavam aos estudantes em sua tomada de decisão.

Como ser objetivo é qualidade imprescindível para estudante de BSI, entendemos que para que as aulas retornassem à normalidade, para que houvesse transparência administrativa na FSA e indícios de mudança para melhor, era necessário a saída do reitor de seu cargo. Buscamos orientações sobre como e sob quais circunstâncias o prof. Odair poderia ser afastado de seu cargo. Sob orientação deles, e graças a contribuição documental e financeira do comando de greve, do DAHG e de professores, montamos um dossiê, que foi protocolado na Curadoria de Fundações do Ministério Público do Estado de São Paulo, (MP-SP), na Câmara dos Vereadores do Município de Santo André, no Conselho Estadual de Educação (CEE) e na Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de São Paulo (OAB-SP), constando uma série de documentos que mostravam os indícios da má administração da FSA, e onde pedíamos também a apuração dos fatos ocorridos na gestão Odair e seu afastamento até que fosse avaliada a situação financeira e administrativa da instituição. Fomos também os únicos a protocolar pedido oficial de saída do Reitor nas instâncias internas da FSA, pedido este item principal de uma longa pauta de reivindicações, amplamente divulgada através do nosso blog e dos grupos de e-mails. Houve até mesmo uma tentativa da reitoria de usar o abaixo-assinado dos estudantes de BSI do matutino que pedia a volta às aulas como se fosse um abaixo assinado de apoio do curso todo á sua gestão. Tal fato foi por nós repudiado amplamente, chegando até a redigirmos nota oficial com o auxílio da comissão de comunicação do movimento, que foi encaminhada ao Diário do Grande ABC, porém não publicada.

Durante as assembléias, das quais pude ser o redator das atas, além de sempre ser designado a mim passar os informes do movimento – já que eu era o estudante que mantinha boas relações com o comando de greve - jamais, em todas as minhas falas fui tendencioso e tentei manipular a maioria para meus propósitos pessoais. Sempre incentivei, por exemplo, a participação dos estudantes de BSI nas assembléias gerais, e tenho provas documentais disso. Mesmo sendo a favor do fim da greve e do apoio formal, busquei ser imparcial. Apresentei sugestões que ora eram acatadas, ora não eram, porém, sempre respeitei as decisões da Assembléia, mesmo que fossem contrárias às minhas próprias convicções. Apenas para exemplificar, sempre sugeri que fossem votados três cenários: um pela retirada de BSI do movimento; outro pela adesão total, sem restrições; outro pela adesão parcial, burocrática e fora da greve. O terceiro cenário sempre foi rejeitado, e o segundo, sempre o preferido, por ampla maioria. Como idealizador do terceiro cenátio, não me sentia derrotado: me sentia, pelo contrário, com a consciência tranqüila: a democracia havia sido feita. Já havia assumido, mesmo sem querer, aquela causa pra mim também. Como estudante, como representante e como cidadão, havia me proposto, sem revelar aos demais, lutar por aquela causa até o fim. Lembro-me de ter dito por diversas vezes que o caminho que tínhamos assumido – a entrada na greve – era irreversível, e que, caso decidíssemos sair da greve, seria bom para a reitoria e péssimo para o movimento.

Quanto ao comando, este apenas observava as opiniões de BSI. Sempre nos manifestávamos através de nossas notas oficiais ou através de conversas informais com personalidades do movimento, as quais faço questão de citar o nome: Dalmo, Reinaldo, Joana, Boni, Lucas, dentre outros. Jamais fomos impedidos ou recebemos notificação oficial para não fazermos assembléias de curso, mesmo quando em assembléia geral dos manifestantes foi vetado tal procedimento. Segundo o comando de greve, o caso de BSI era um caso particular, que devia ser tratado de maneira especial, e, portanto, eram legítimas nossas assembléias. Já a reitoria percebeu que a participação veemente de BSI no movimento como vinha ocorrendo poderia ser decisiva. Tanto que fomos procurados por pessoas próximas á reitoria, propondo negociação. Como membros do movimento que éramos, comunicamos o comando imediatamente, que nos orientou a formar uma comissão e ouvir o que a reitoria tinha a dizer, porém sem adotar nenhuma postura negociativa, postura esta que cabia apenas se a reitoria acatasse a pauta de revindicações do movimento, inclusive com a saída do reitor. O fato é que tal comissão não chegou a sair do papel, pois a reitoria percebeu que BSI e o movimento eram uma coisa só.

Foram longos dias estes! Debates, reuniões, assembléias. Havia muita cobrança, muita pressão sobre nós, que orientávamos o movimento em BSI. Porém, o desgaste era inevitável. Os estudantes entendiam o impasse da saída do reitor levaria muito tempo para ser resolvido e muitos começaram a pedir a volta às aulas. Foi o início de uma grande e quase insuportável pressão que recaiu sobre mim e sobre os audaciosos colegas que comigo levaram o movimento em BSI adiante. O curioso é que os estudantes que queriam as aulas não participavam das assembléias, sequer vinham à FSA. Incentivamos amplamente que todos aqueles que quisessem manifestar suas opiniões comparecessem às assembléias e as expusessem para que todos pudessem avaliar. Cada assembléia que se passava, os argumentos da paralisação se enfraqueciam, mas o ideal por uma FSA diferente, que respeite os alunos e com qualidade e transparência administrativa eram tão fortes quanto no início.

O fato é que as discussões tornavam-se cada vez mais acaloradas. Surgiram também fortes indícios de que haviam interesses políticos em jogo, e isso particularmente desagradou os estudantes de BSI. Outro fato que causou insatisfação nos estudantes de BSI quanto ao movimento foi o acampamento e a chamada “cultura de greve” que, na opinião dos estudantes – da qual partilho – faz com que o movimento perca o foco, e, consequentemente, o apoio dos estudantes. A incerteza quanto a um prazo para o afastamento do reitor também causou descontentamento nos estudantes. O fato que mais pesou foi a situação dos professores, que, mesmo mobilizados, não haviam entrado em greve, portanto, recebiam o salário normalmente, podendo, inclusive recusar-se a repor as aulas perdidas.

Esgotados os argumentos nossos, dos líderes discentes, chamamos os docentes. Porém, estes também não puderam conter o desejo de volta às aulas, fato sacramentado na última assembléia de BSI. Nesta assembléia, foram votados os três cenários que sempre defendi, e, por unanimidade, o apoio ao movimento de maneira “burocrática”, porém com aulas, foi a escolhida. Estavam presentes 175 estudantes de BSI, por volta de 10 professores, a maioria do colegiado de BSI e alguns de outros colegiados.

No dia seguinte, emitimos nota oficial, reafirmando que, mesmo retornando às aulas, nosso compromisso com o afastamento do reitor e com outras pautas nossas (nota esta que foi protocolada nas diversas instâncias da FSA) ainda prevalecia, e lutaríamos por ele, porém de maneira mais “burocrática”. Lembro-me ainda de ter comentado com o Prof. Flávio Morgado, do colegiado de BSI, que considerava aquela decisão como uma derrota, mas que como fora vontade da maioria, era nosso dever, enquanto representantes, garantir o retorno das aulas no prazo estipulado pela assembléia.

Procuramos a Direção da FAFIL para apresentar o desejo dos estudantes de BSI através da nota oficial e não para nos vender, como muitos tem acusado, falsa e injustamente. Sempre agimos de maneira transparente, divulgando nossas opiniões tanto de um lado quanto de outro, para não sermos tendenciosos e manipuladores, como muitos que se dizem comprometidos com a liberdade, vestidos de uma máscara de pseudo-anarquismo. A Direção comprometeu-se em providenciar salas de aula para acomodar confortavelmente todos os estudantes de BSI em outros prédios não ocupados, pois minha sala e o 3º D, alocadas no térreo da FAFIL, teriam de ser transferidas, visto que as salas haviam sido inviabilizadas.

O fato da saída de BSI da greve gerou insatisfação no comando do movimento. Logo, nós líderes de BSI fomos procurados e apresentamos as justificativas já acima elencadas. Porém, deixamos claro que BSI sempre apoiaria o movimento, e sempre estaria aberto ao diálogo, como sempre esteve. Prevendo que uma represália contra os estudantes de BSI que saíram da greve poderia ocorrer – não por incitação, mas por iniciativa da massa grevista - sugeri, via grupo de e-mails do DAHG, que fosse criada uma comissão, indicada pelo comando de greve, que passaria de sala em sala dos estudantes de BSI, para que tentassem conquistá-los para a greve novamente. Thaís Menezes disse, via e-mail postado no grupo do DAHG sob o nº 1267, que “a idéia da comissão é legal. Temos de propor isso na próxima assembléia” (geral) que ocorreria na segunda-feira, 8 de outubro de 2.007, mesma data marcada para nosso retorno às aulas.

Na segunda-feira, fui informado ainda de tarde que as turmas da FAECO que estavam alocadas na FAFIL e que estavam sem classe, mas que queriam aulas, haviam sido alocadas nas salas da FAENG, anteriormente ocupadas pelos estudantes de BSI. Logo imaginamos conflito, e foi quase o que ocorreu. Estudantes de BSI discutiram e quase chegaram às vias de fato com estudantes da FAECO. Enquanto isso, eu e a coordenadora de meu curso buscávamos uma sala para alocar minha turma. E não podia ser qualquer sala, tinha de ser uma sala com acesso fácil, pois temos uma colega portadora de limitações, assim como o 3º D também. Foi-nos destinadas salas no prédio do Colégio, onde outrora estavam alocadas turmas do curso de História. Com o impasse na FAENG, quase todas as turmas de BSI foram alocadas, em caráter emergencial e provisório no Colégio.

Em busca da resolução para o conflito com a FAECO, não participei da assembléia geral, acreditando pia e fielmente que a comissão proposta no grupo de e-mails seria votada e aprovada. Encontrei-me, momentos antes de me reunir na FAENG com representantes de classe de BSI e da FAECO com Manuel Boni, onde lhe expus o problema da alocação do pessoal da FAECO em nossas salas e reafirmei o pedido de que fosse analisada na assembléia geral a formação da comissão de diálogo entre movimento e BSI. Fui à reunião na FAENG, que foi muito tumultuada e onde não obtivemos sucesso, visto que as partes não estavam dispostas em fazer concessões. Os estudantes da FAECO alegavam que como BSI havia entrado em greve e nossas salas estavam vagas, eles foram alocados lá em caráter emergencial, já que a tentativa de alocá-los no colégio não havia dado certo, visto que membros do movimento os haviam hostilizado.

Enquanto o debate seguia caloroso, recebi uma ligação de um colega de classe. Ele pedia minha presença no prédio do colégio, dizendo que “o bicho tava pegando”. Sem pestanejar, corri até lá. Adentrando o prédio, encontrei o caos: meus colegas de sala haviam sido expulsos de suas salas, de maneira arbitrária e truculenta, passando por cima da decisão democrática do curso que havia votado pela volta às aulas. Ouvia gritos de guerra, o som das carteiras sendo atiradas ao chão. Lembrei-me de minha colega cadeirante, a Cléo. E naquele momento, senti algo mexer com meus brios. Tomado de uma raiva incontida, subi as escadarias. Apontei o dedo à primeira pessoa que vi e comecei a gritar coisas das quais não me recordo. A raiva apenas subia. Subi outro andar e me deparei com Thaís Lapa, que disse que não concordava com aquilo. Encontrei o Lucas, do movimento, e visivelmente irritado, comecei a gritar que aquilo era traição, pois havíamos comunicado o movimento desde o início, que nossa decisão pelo retorno às aulas havia sido democrática. Obtive como resposta que democráticas eram apenas as decisões da assembléia geral. Pôxa! Então perdemos tempo realizando assembléias de cursos, ou as mesmas valiam apenas enquanto favoreciam ao movimento? Manoel Boni e Dalmo me encontraram. Repeti o mesmo que já havia dito ao Lucas, e obtive as mesmas respostas. Queria garantir o direito à aula e temia pela integridade física dos meus colegas, pois via que a atitude ali tomada, a invasão das salas por aqueles manifestantes poderia levar a um conflito que não podia prever os resultados.

Senti-me traído. Depois de todos os esforços – mesmo contra a minha própria vontade – em conduzir BSI na luta, junto com eles, e após uma decisão democrática, após ter garantias de que uma comissão seria formada para que houvesse uma tentativa de re-adesão de BSI à greve ocorria aquilo? Vi uma grande contradição: os estudantes manifestantes protestavam contra a truculência da Tropa de Choque, mas ali, naquele instante, o que os tornava diferentes da Tropa? Talvez o fator de não usar armas apenas. Pois o que se viu foi a mesma cena. Usar da mesma tática de seu inimigo não o faz diferente dele.

Ainda com os ânimos alterados, nos dirigimos ao auditório da FAFIL, onde discutiríamos o que fazer frente a tal postura irresponsável adotada pelo movimento. Irresponsável, pois agrediu a estudantes que apoiavam o movimento. Feriu o direito democrático de assistir aulas. O que se seguiu no auditório foram discussões repetitivas de ideologias. De um lado, nós, estudantes de BSI, indignados com a traição ocorrida. De outro – pasmem – depois de nos obrigar a deixar nossas aulas “na marra”, os manifestantes ainda desejavam nosso apoio. Aos poucos fui me acalmando, e tentei novamente propor a tal comissão de diálogo, desde que fossem disponibilizadas 14 salas de aula no colégio para que os estudantes de BSI pudessem ser alocados, até que a exposição dos fatos fosse feita e que os estudantes decidissem ou não pelo retorno ou não à greve.

Naquela noite, cheguei cansado em casa. Mas comecei a refletir e perceber alguns fatores e o principal deles: BSI ESTAVA SENDO MASSA DE MANOBRA!

Na disputa política entre a reitoria e os manifestantes, o curso de BSI, o maior da FAFIL teria um enorme peso. Todos estavam cientes disso, inclusive nós. Mas não fazíamos idéia de como estávamos sendo conduzidos. Mas, pretendo apresentar os fatos que levaram a essa minha conclusão.

Primeiro, só recebemos a notícia de nossa alocação no colégio na segunda-feira, data de nosso retorno, sendo que havíamos comunicado a mesma com 3 dias letivos de antecedência à diretoria da FAFIL. Inocentemente, acatamos a decisão. Porém, não sabíamos que já havia uma intenção dos manifestantes em ocupar o colégio. Resultado: os invasores não sabiam que éramos estudantes de BSI, e invadiram mesmo. Nós, estudantes de BSI, revoltados, partimos para a discussão. Agora, entendam o plano: desde 2.006, quando dos conflitos entre BSI e os partidários da Profª Edna, a reitoria entendeu que BSI seria a única força capaz de resistir ao movimento. Por isso, astutamente, alocou a FAECO nas salas de BSI da FAENG, nos deixando como solução sermos alocados no colégio, já sabendo que seria ocupado pelo manifestantes, com o intuito de jogarmos nós contra eles e dessa forma dividir o movimento. Conseguiram.

Segundo: o movimento sabia que não haveria argumentação que convencesse BSI a voltar à greve, visto que todos os esforços para isto haviam sido vencidos na última assembléia do curso, visto que o retorno foi decidido por unanimidade. Então, restou-lhes inviabilizar o maior número de salas possíveis da FSA, para impedir nosso retorno e, como BSI não teria aulas, informar que BSI ainda estava em greve. Soma-se a isso a maneira truculenta da invasão e eis a química que me levou do diálogo a belicosidade, à indignação, à raiva e à revolta.

Percebendo que havíamos sido traídos pelos dois lados, propus aos meus colegas que déssemos uma lição nos dois: reitoria e movimento deveriam aprender a respeitar os estudantes de BSI e não usá-los como massa de manobra.

Como o movimento havia sido truculento conosco, não teríamos mais vínculos nenhum com quem nos agride, com quem não nos respeita e com quem, na hora de que daríamos apoio, apertam nossas mãos, mas num momento em que sentem uma derrota, traem a quem os apóia. Um movimento que age com quase o mesmo rigor que a tropa que os expulsou autoritariamente da reitoria. Um movimento que não cumpre aquilo que se propõe. Um movimento que deturpa frases e palavras dos outros só por que não aderem a seus modos intempestivos de ação. Que filtra as informações e divulga apenas as que lhe interessa.

Da mesma forma, se já não tínhamos boas relações com a reitoria, agora também teríamos menos. Uma reitoria que joga estudante contra estudante, que tem deixado a instituição sucateada, que investe em cargos de confiança e não na qualidade de ensino. Que manda a tropa de choque agredir violentamente estudantes que protestam por seus direitos. Que manipula informações para usá-las como lhes convém.

Por essas razões, articulei junto aos representantes e junto aos demais colegas do curso, a ocupação das salas da FAENG que eram nossas, mas que estavam em uso da FAECO. Nesta ocasião, emiti o e-mail que é alvo da fúria de alguns e da deturpação mentirosa de outros. No e-mail, além de mostrar minha indignação pela dupla traição e pelas tentativas de uso dos estudantes de BSI como massa de manobra, orientava os estudantes como procederem na ocupação. As regras que descrevi ali não incitam a violência, apenas a legítima defesa em caso de atrito com os estudantes da FAECO. Orientei também os estudantes a ocupar de maneira pacífica, sem causar danos ao patrimônio da instituição. Desta maneira, forçaríamos a reitoria tomar providências quanto à situação das salas.

A ocupação foi um sucesso – e nisto, mais uma vez aqueles que tentam denegrir minha imagem ou deturpar minhas palavras não conseguiram êxito. Os estudantes da FAECO entenderam nossa situação, afinal, queremos aulas tanto quanto eles. Os representantes se dispuseram convocar o diretor da FAECO, prof. Orozimbo, assim como nós, representantes de BSI, convocamos a profª Miriam (participaram também representantes de classe da FAENG, e seu diretor, além da Profª Regina, coordenadora de BSI), para que ambos mostrassem a verdade dos fatos. Por que a reitoria havia feito aquela distribuição de salas? Para variar, muitas perguntas ficaram sem respostas. Afinal, quem cala, consente. Mas, a meu pedido, sugeri que as aulas de BSI fossem suspensas, uma vez que não haviam salas suficientes no campus para abrigar a todos as turmas que expressaram seu desejo de ter aulas.

A polêmica gerada entorno deste e-mail que enviei é típica de quem quer desmoralizar alguém a partir de um fato ínfimo. Como prova disto, o prof. Coordenador do curso de Administração da FAECO, prof. Navarro, estava de posse deste e-mail na data do fato. Conversei com ele, que seria o principal afetado, já que as salas que ocupamos em sua maioria pertenciam ao curso de Administração, e o mesmo não me condenou, e entendeu as circunstâncias nas quais escrevi o texto. Aliás, basta ler o texto sem ser tendencioso, mas ler apenas como foi escrito. Os próprios estudantes da FAECO se mostraram solidários ao problema de BSI, que quer ter aulas e não possui sala, visto que passaram pelo mesmo problema graças a um movimento que se diz democrático mas que não respeita as liberdades individuais de estudantes que como todos os outros da instituição, tem o direito a assistir às aulas.

Quanto às acusações de que BSI está negociando com a reitoria, mais um fato inverídico, inventado para tentar minar nosso posicionamento independente. BSI jamais se reuniu com a reitoria. Costumávamos nos encontrar com a Profª Miriam ao fim de cada assembléia para entregar nossas pautas, moções, notas oficiais, documentos, pois sempre adotamos a postura de seguir todos os trâmites legais, dentro e fora da instituição. Se o movimento não mantém sua palavra, nós mantemos a nossa. Não negociaremos sequer um computador com a reitoria, enquanto Odair Bermelho ocupar o cargo.

É um tanto quanto contraditórias para quem esteve no colégio no dia 8, a afirmação, vinda do movimento, de que “nossa luta é contra a reitoria”. Parece que quem expulsa estudantes da sala de aula tem um comportamento muito similar às pessoas que mandam tropas de choque espancar estudantes.

Não pedirei desculpas por nada do que disse, por nada do que fiz. O que fiz foi motivado pelas minhas convicções pessoais e tive amplo apoio dos estudantes de BSI, embora sempre haja pessoas que fiquem insatisfeitas. Acredito que isto é democracia, deixar que todos se manifestem, da mesma forma como já vários estudantes de humanas me enviam e-mails parabenizando a postura adotada por BSI frente aos fatos e nossa coerência e compromisso com a verdade, sem parcialidades. Estes apoios que recebemos é o que nos motiva em darmos continuidade à nossa luta. Ao contrário de pessoas que assinam como “Uns Alunos de Sistemas(...)”, não tenho medo de assumir o que falo. Assino a todas as mensagens que envio, inclusive esta que gerou toda a polêmica, que já sabia que chegaria às mãos do movimento – e que com certeza, seria deturpada - pois, afinal, a internet é um território livre. O que escrevi, está escrito. O que me incomoda é o modo parcial como foram passados os fatos. De colaborador do movimento, tornei-me seu carrasco, e isso porque? Por que me libertei das influências e manipulações. Hoje, posso dizer seguramente que não sou vinculado, alienado, manipulado, como quiserem nomear, pela reitoria. Tampouco pelo movimento, por tendências políticas, por este ou aquele partido. Entendo a importância do momento atual para a FSA, para minha vida e para a de meus colegas. O que não admito é que ex-alunos, que sequer sabem quem sou, e o esforço que empreguei para o envolvimento de BSI no mesmo, me condenem de maneira arbitrária e sem conhecer a totalidade dos fatos, que procurei descrever neste texto. Não admito também que venham questionar as decisões tomadas nas assembléias de BSI, visto que foram legitimadas por membros do comando, através do grupo de e-mails do DAHG.

Ressalto novamente que meu posicionamento e de meus colegas atualmente dá-se a total falta de confiança no movimento, que não cumpre suas palavras e acordos, que tem líderes e porta-vozes apenas quando convém, mas que culpa a iniciativa da massa quando o “calo aperta” e não ao fato de estarmos sendo comprados por promessas da reitoria. Somos bastante conscientes para saber que de boas intenções e promessas, o inferno está cheio.
Àqueles que dizem que incitei à violência, peço apenas que procurem os estudantes da FAECO, conversem e tirem suas próprias conclusões.

Àqueles que dizem que somos manipulados, basta ver nossas últimas atitudes, de pessoas que realmente não se deixam corromper pela luta por poder, pelo jogo político e pelos interesses pessoais, mas sim, pelo compromisso com a qualidade de ensino, com a transparência administrativa e com uma FSA justa para todos. Garanto que muitos estudantes de BSI têm mais informações sobre o movimento do que muitos que dele participam de maneira ativa, pois procuramos ser independentes, imparciais e equilibrados ao transmitir informações.

Aproveito para repudiar novamente e de maneira veemente a agressão da tropa de choque e a expulsão dos estudantes de BSI de suas salas. Fatos como este não merecem nosso apoio.

Sei que perco meu tempo escrevendo este longo documento, pois sei que apenas serão repassados os parágrafos de maior interesse – se é que o serão. Mas, àqueles que lerem tal desabafo, procurem avaliar que postura estão seguindo: simplesmente uma ideológica? Uma postura ausente? Uma postura que lhe convém? Se assumi os desafios que assumi, se cheguei onde cheguei não voltarei atrás. Consciente e compromissado com a verdade, continuarei minha luta, mantendo-me independente e longe de manipulações – seja de um lado, quanto do outro e sem temer nada e nem ninguém.

Atenciosamente.

Antonio Carlos Videira de Sena
Representante - 4º C - Noturno - BSI
Membro discente do Colegiado de Curso de BSI

4 comentários:

ॐ Naty's Fairy ॐ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Evandro disse...

Antonio, você está completamente certo e coerente nas suas palavras.

Parabéns pela atitude!

Foi exatamente isso que faltou aos alunos de Sistemas (inclusive eu),expor sua opinião de maneira enfática e sem temer retaliações.

Abraço

Sistemas - FSA disse...

Felizmente, tb tenho participado com o Antonio nisso tudo e penso assim.

Bruno.

Adriana disse...

Concordo plenamente com você Antonio!
Em cada palavra que você colocou aqui e nos e-mails que você repassou!Saiba que não só eu, más muitos alunos de BSI pensam da mesma forma!
Não somos massa de manobra da Reitoria e nem do Movimento de Greve,somos um colegiado forte e que incomoda!!!
Parabéns pela luta.
Estamos com você!

Adriana - BSI - 4ºB